IDENTIDADE, RESISTÊNCIA E MEMÓRIA COLETIVA: UMA LEITURA DE "BACURAU"
Palavras-chave:
Identidade, Resistência, Memória coletivaResumo
O filme "Bacurau", dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, tem conquistado tanto o público quanto a crítica internacional desde seu lançamento em 2019. Essa obra cinematográfica é uma narrativa complexa e visceral que se desenrola em uma remota vila do sertão nordestino do Brasil, onde os habitantes enfrentam uma série de eventos bizarros e violentos. A comunidade de Bacurau sofre as consequências de uma gestão pública excludente que lhe nega recursos básicos, como educação e saúde, além de colaborar com um grupo de invasores estrangeiros que pretende exterminar toda a população. Neste artigo, analisa-se a intrincada conexão entre identidade e memória coletiva que sustenta o movimento de resistência do povo de Bacurau. A análise da trama se baseia nos estudos de Georges Didi-Huberman (2011) sobre a arte e o seu potencial como prática de resistência; nos estudos de Maurice Halbwachs (2006) sobre memória coletiva; e na teoria da identidade social desenvolvida por Henri Tajfel (1981). Compreende-se que, no entrelaçamento entre identidade, memória coletiva e resistência, o povo de Bacurau tece o caminho que assegura sua sobrevivência e impede que as pessoas se curvem diante dos ataques da necropolítica do governo e da tentativa de apagar a cidade do mapa e, consequentemente, da História.
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